A fé que faz bem à saúde

Deu na revista Época desta semana: "Não só a fé parece estar programada em nosso cérebro, como teria benefícios para a saúde. (...) 'Somos predispostos biologicamente a ter crenças, entre elas a religiosa', diz Jordan Grafman, chefe do departamento de neurociência cognitiva do Instituto Nacional de Distúrbios Neurológicos e Derrame. Grafman é o autor de uma das pesquisas mais recentes sobre o tema, publicada neste mês na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences. (..) [Andrew] Newberg, que estuda as manifestações cerebrais da fé há pelo menos 15 anos, descobriu que as práticas religiosas acionam, entre outras regiões do cérebro, os lobos frontais, responsáveis pela capacidade de concentração, e os parietais, que nos dão a consciência de nós mesmos e do mundo. Em seu novo livro, How God changes the brain (Como Deus muda seu cérebro), que será lançado nesta semana nos Estados Unidos, Newberg explora os efeitos da fé sobre o cérebro e a vida das pessoas. Segundo o neurocientista, os estudos anteriores olhavam para os efeitos de curto prazo de práticas como a meditação e a oração. Agora, ele e seu grupo encararam a difícil tarefa de responder à questão: o que acontecerá se você adotar, com frequência, uma prática como a meditação ou a prece? (...)"Ainda estão sendo feitos estudos para compreender melhor a meditação e a prece, mas a pesquisa de Newberg mostra que, durante essas atividades, o lobo frontal fica mais ativo, e o lobo parietal menos. Como essa parte do cérebro é responsável pela noção de tempo e espaço, 'desligá-la' geraria a sensação de imersão no mundo e a de ausência de passado e futuro muitas vezes relatadas por religiosos. A maior atividade do lobo frontal, além de melhorar a memória, segundo vários estudos também estaria ligada à diminuição da ansiedade. 'Quando a pessoa volta sua atenção para o momento presente, não há riscos porque não há futuro', diz Paulo de Tarso Lima, médico especializado em medicina integrativa e complementar e responsável pela implantação da especialidade dentro do Hospital Albert Einstein, em São Paulo. O simples fato de acreditar em um ser superior – seja ele qual for – reduziria a ansiedade. "Dois estudos canadenses publicados neste mês mostram que quem crê em Deus tende a lidar melhor com os erros. O grupo de pesquisa, liderado pelo professor de psicologia Michael Inzlicht, da Universidade de Toronto, pediu a pessoas de várias orientações religiosas e também àquelas que não creem em Deus que elas dissessem os nomes das cores que apareciam a sua frente. Quando elas cometiam um erro, uma área do cérebro chamada 'córtex cingulado anterior' era ativada. 'Quanto mais forte a religiosidade e a crença em Deus dos participantes, menor era a resposta dessa região ao erro', diz Inzlicht. Isso seria uma evidência de que as pessoas religiosas ficam mais calmas diante de um erro. 'Suspeitamos que a crença religiosa protege contra a ansiedade porque dá um sentido para as pessoas. Ajuda-as a saber como agir e, com isso, reduz a incerteza e o estresse', afirma Inzlicht. "A influência da crença em Deus na redução do estresse já é quase um consenso entre os médicos. 'As doenças relacionadas ao estresse, especialmente as cardiovasculares, como a hipertensão, o infarto do miocárdio e o derrame, parecem ser as que mais se beneficiam dos efeitos de uma espiritualidade bem desenvolvida', afirma Marcelo Saad, outro médico do Albert Einstein. (...)"Para ser benéfica, a fé em Deus teria de ser associada à prática religiosa? Várias pesquisas mostram que participar de um grupo religioso estruturado – seja ele católico, budista, judeu, evangélico, umbandista – traz benefícios por aumentar o suporte social à pessoa. 'Esse apoio social é algo extremamente valioso para a saúde física, inclusive para a sobrevivência e a longevidade', diz o psicólogo americano Michael McCullough, professor da Universidade de Miami que estuda a maneira como a religião molda a personalidade e influencia hábitos saudáveis e relacionamentos sociais. Ao realizar um 'metaestudo' de 42 pesquisas diferentes, o psicólogo descobriu que as pessoas altamente religiosas tinham 29% a mais de chance de estar vivas, em determinado momento do futuro, que as demais. A religiosidade tornaria mais fácil resistir a tentações nocivas à saúde, como o álcool e o fumo. 'Para pessoas que acreditam na vida após a morte, pode ser uma decisão racional postergar os prazeres de curto prazo em nome da recompensa eterna', afirma McCullough. "Robert Hummer, sociólogo e professor da Universidade do Texas, acompanha um grupo de pessoas desde 1992 para tentar esclarecer, entre outras questões, a relação entre a religião e a saúde. Segundo sua pesquisa, quem nunca praticou uma religião tem um risco duas vezes maior de morrer nos próximos oito anos do que alguém que a pratica uma vez por semana. 'As evidências da influência da fé na saúde são promissoras e mais que justificam o investimento em outros estudos', afirma o neurologista brasileiro Jorge Moll, diretor do Centro de Neurociência da Rede Labs-D’Or, rede de laboratórios particular do Rio de Janeiro. Para Moll, o desafio é quantificar a influência da fé e tentar compará-la com o efeito de outras práticas sem conotação religiosa. (...)"

Fonte: Michelson Borges

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Escavações podem confirmar minas do rei Salomão

A velha briga para determinar o que é fato e o que é lenda nos textos bíblicos acaba de passar por mais uma reviravolta - e quem saiu ganhando foi o glorioso reino de Salomão, filho de Davi, que teria governado os israelitas há 3.000 anos. Escavações na Jordânia sugerem que a extração de cobre em escala industrial no antigo reino de Edom - região que, segundo a Bíblia, teria sido vassala dos reis de Israel - coincide, em seu auge, com a época do filho de Davi. Em outras palavras: as célebres "minas do rei Salomão" podem ter existido do outro lado do rio Jordão.A pesquisa, coordenada pelo arqueólogo Thomas E. Levy, da Universidade da Califórnia em San Diego, está na edição desta semana da prestigiosa revista científica americana PNAS, e bate de frente com os que duvidam da existência de uma monarquia poderosa em Jerusalém durante o século 10 a.C. Segundo esses pesquisadores, como Israel Finkelstein [ele é um arqueólogo ateu, figura sempre presente nas páginas da Superinteressante e da Galileu], da Universidade de Tel Aviv, tanto a região de Jerusalém quanto a área de Edom, onde as minas foram encontradas, eram habitadas por uns poucos aldeões e pastores nômades nessa época. O surgimento de reinos politicamente bem organizados e capazes de empreendimentos de larga escala só teria sido possível por ali cerca de 200 anos depois.Levy discorda. "O que nós mostramos de forma definitiva é a produção de metal em larga escala e a presença de sociedades complexas, que podemos chamar de reino ou Estado arcaico, nos séculos 10 a.C. e 9 a.C. em Edom. Trabalhos anteriores afirmavam que o que a Bíblia dizia a respeito disso era um mito. Nossos dados simplesmente mostram que a história de Edom no começo da Idade do Ferro precisa ser reinvestigada usando ferramentas científicas", declarou o arqueólogo ao G1. A região escavada por Levy e seus colegas na Jordânia é uma velha suspeita de ter abrigado as famosas minas salomônicas. Nos anos 1940, o arqueólogo americano Nelson Glueck já tinha defendido a idéia. No entanto, foi só com as escavações em larga escala no sítio de Khirbat en-Nahas (em árabe, "as ruínas de cobre"), ao sul do Mar Morto, que o tamanho da atividade mineradora ali ficou claro. Estima-se que, só em sobras da extração do minério, existam no local entre 50 mil e 60 mil toneladas de detritos. Numa escavação iniciada em 2006, Levy e seus colegas desceram pouco mais de 6 m e montaram um quadro em alta resolução da história de Khirbat en-Nahas. A ocupação começa com uma estrutura retangular de pedra, com protuberâncias ou "chifres". "Pode ter sido um altar", conta o arqueólogo - esses "chifres" eram usados como plataforma para besuntar o sangue dos animais sacrificados na antiga Palestina. Acima dessa estrutura, ao menos duas grandes fases de extração de cobre estão documentadas, com paredes de pedra que serviam como instalação industrial. Uma das formas de datar a atividade mineradora é a presença de artefatos egípcios - um escaravelho e um colar - que aparentemente datam da época dos faraós Siamun e Shesonq (chamado de Sisac na Bíblia) - o século 10 a.C. Mas os pesquisadores também usaram o método do carbono 14 para estimar diretamente a idade de restos de madeira usados para derreter o minério e extrair o cobre. O veredicto? O mais provável é que a atividade industrial na área tenha começado em 950 a.C., data equivalente ao auge do reinado de Salomão, e terminado em torno de 840 a.C. E não é só isso: escavações numa fortaleza próxima também sugerem uma construção na era salomônica, durante o século 10 a.C. Segundo o relato bíblico, Salomão usou vastas quantidades de bronze (cuja matéria-prima, ao lado do estanho, era o cobre) na construção do templo de Jerusalém. Também teria continuado o domínio estabelecido por seu pai Davi sobre Edom e financiado uma frota de navios mercantes que saíam do litoral edomita em busca de produtos de luxo. Levy diz que os dados obtidos em Khirbat en-Nahas são compatíveis com o quadro do Antigo Testamento, mas mostra cautela. "Se as atividades lá podem ser atribuídas ao controle da produção de metal pela Monarquia Unida israelita, pelos edomitas ou por uma combinação de ambos, ou até por um outro grupo, é algo que nossa equipe na Jordânia ainda está investigando", ressalta ele. A pedido do G1, o arqueólogo Israel Finkelstein comentou o estudo na PNAS e fez pesadas críticas [o que se podia esperar dele?]. Para começar, Finkelstein não reconhece a região de Khirbat en-Nahas como parte do antigo reino de Edom, porque o sítio fica nas terras baixas jordanianas, e não no planalto do além-Jordão."Na época em que Nahas está ativa, não há um único sítio arqueológico no platô de Edom, que só passa a ser ocupado nos séculos 8 a.C. e 7 a.C.", diz o pesquisador israelense. "A mineração em Nahas não tem a ver com o povoamento de Edom, mas com o do vale de Bersabéia [parte do reino israelita de Judá], que fica a oeste, ao longo das estradas pelas quais o cobre era transportado até o Mediterrâneo", afirma.Finkelstein também critica o fato de Levy e seus colegas teram usado os rejeitos de mineração como base para sua estratigrafia, ou seja, as camadas que ajudam a datar o sítio arqueológico, porque eles formariam estratos naturalmente "bagunçados" de terra. E afirma que a fortaleza estudada pelos pesquisadores também é posterior ao século 10 a.C."Aceitar literalmente a descrição bíblica do rei Salomão equivale a ignorar dois séculos de pesquisa bíblica. Embora possa existir algum fundo histórico nesse material, grande parte dele reflete a ideologia e a teologia da época em que saiu da tradição oral e foi escrito, por volta dos séculos 8 a.C. e 7 a.C. Os dados de Nahas são importantes, mas não vejo ligação entre eles e o material bíblico sobre Salomão", arremata Finkelstein. [Não vê ou não quer ver?]Levy preferiu não responder diretamente as críticas do israelense, embora um artigo anterior de sua lavra aponte que, ao contrário do que diz Finkelstein, há ligação cultural entre os habitantes das terras baixas e os edomitas do planalto. "Suponho que, toda vez que há uma interface entre textos sagrados e dados arqueológicos, é natural que o debate se torne emocional", diz ele. [Bingo!]

G1 Notícias

Uma ironia da Arqueologia Bíblica

Uma das maiores ironias no mundo acadêmico é saber que os piores inimigos da Bíblia não são ateus, evolucionistas ou agnósticos, mas sim teólogos bíblicos que lecionam Antigo e Novo Testamento em universidades nos Estados Unidos e Europa. Esse é caso de Philip Davies, da Universidade Sheffield, na Inglaterra.

Para ele, Davi não é mais histórico do que o Rei Artur e os cavaleiros da távola redonda; em outras palavras, folclore britânico. Essa é a opinião dele na obra In the Search of ‘Ancient' Israel (Em busca do ‘antigo' Israel), publicada em 1992. Seu argumento, porém, era baseado no silêncio de fontes históricas fora da Bíblia que mencionassem o famoso rei israelita. Um argumento, diga-se de passagem, muito perigoso para qualquer acadêmico.Ironicamente, um ano após Davies publicar sua obra, a equipe de Avraham Biran, arqueólogo do Hebrew Union College, em Jerusalém, encontrou em Tel Dan, no norte de Israel, o fragmento de uma estela (pedra) contendo o registro histórico de um guerra entre os reis da Síria, Israel e Judá. Nesse documento, o reino de Israel é chamado "Casa de Israel", enquanto o reino de Judá é chamado de "Casa de Davi" (na quinta linha de baixo para cima, na foto)!Ao anunciar a descoberta, a Biblical Archeology Review destinou mais de 15 páginas para falar a respeito do assunto, escritas pelo próprio Dr. Biran. Poucas edições depois, foi a vez de Philip Davies contra-atacar. Segundo ele, o documento arqueológico poderia ser uma fraude. O que Davies se esqueceu foi que o artefato não foi comprado de nenhum comerciante palestino ou judeu, mas foi desenterrado pela auxiliar de campo Gila Cook.Outro argumento utilizado pelo acadêmico de Sheffiled é a tradução da expressão aramaica BYTDWD como "Casa de Davi". Ele notou que todas as palavras do texto estão separadas por um ponto, mas nessa expressão não há ponto algum. Sendo assim, a tradução "Casa de Davi" estaria sendo forçada. Porém, ele só se esqueceu do que os linguistas já sabiam: que quando há junção de um substantivo (BYT - casa) e um nome próprio (DWD - Davi), não se utiliza nenhum ponto na separação. Esse era um costume comum entre assírios, babilônicos e arameus (e a estela foi escrita em aramaico) no registro de um texto.Para Kenneth Kitchen, uma das maiores autoridades em estudos orientais da atualidade, a descoberta é tremenda. De acordo com ele, a expressão "Casa de..." refere-se ao fundador da determinada dinastia, sendo atestada em todo o Antigo Oriente Médio. Estaria esse documento mencionando o rei Davi, autor do famoso Salmo 23? As evidências sugerem que sim. Bastou apenas um ano para uma descoberta arqueológica desmoronar a pesquisa de Philip Davies! Isso sim é ironia.Tive a oportunidade de ver essa peça em exposição no dia 24 de agosto do ano passado, no Masp, em São Paulo. Fiquei por aproximadamente cinco minutos observando cada detalhe do artefato e relembrando as diversas histórias desse personagem chamado Davi.


Eu já conhecia a história do achado e o seu valor para o cristão no século 21, mas mesmo assim foi uma experiência poderosa, uma vez que a história bíblica pôde transpor milênios e ganhar um colorido mais acentuado através de um artefato de quase três mil anos!




Luiz Gustavo Assis



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